Outubro rosa palmense: a importância


Acompanhe uma entrevista sobre sintomas, prevenção e importância do Outubro Rosa com o oncologista mamário, Dr. Leonardo Roberto. Acompanhe uma entrevista sobre sintomas, prevenção e importância do Outubro Rosa com o oncologista mamário, Dr. Leonardo Roberto. E lembre-se: faça seu auto-exame regularmente e busque sempre acompanhamento médico.

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Câncer de mama: o que é?

O sintoma de um câncer de mama é a presença de um nódulo na mama. Esse nódulo geralmente tem uma consistência mais endurecida e pode ou não ser móvel – na maioria das vezes você consegue movimentar o nódulo com as mãos. A gente também pode notar alguns linfonódulos aumentados de tamanho na axila. Esses linfonódulos são, geralmente, o que as pessoas chamam de “Inguas” e são gânglios que a gente apresenta na região da axila, onde drenam os líquidos que vem da região da mama. 

Então, quando a gente tem um tumor na mama, essas células podem caminhar por esses vasos, chegam até estes linfonódulos (na região da axila) e ali vão formando novas células e formando tumores dentro estes gânglios, os quais podemos notar mais aumentados.

Quais os possíveis sintomas do câncer de mama?

É importante ressaltar que, raramente, a mulher com câncer de mama vai sentir dor. A não ser em um caso mais raro que chamamos de “câncer inflamatório da mama”. Nesse caso, a mama apresentará uma característica muito inchada e geralmente a pele fica mais grossa que o normal (uma característica bem parecida com a textura de uma casca de laranja), muitas vezes avermelhada e mais quente. Muitas vezes estes tumores são até entendidos como mastite, que é um quadro inflamatório de mama. 

Um sintoma menos comum é a presença de secreção no mamilo. Quando acontece, esse secreção associada ao câncer de mama terá um aspecto cristalino, como a água mesmo. Ou seja, a secreção não costuma ter aspecto de sangramento ou aspecto leitoso. 

E as possíveis causas?

O câncer de mama não é uma doença que tem uma causa única, é o que a gente chama de uma doença multifatorial. Normalmente o que a gente observa são vários fatores que atuam em conjunto aumentando o risco de câncer de mama. Então o que a gente sabe, e que a gente trabalha bastante na questão da prevenção, são as questões destes fatores de risco. São fatores de risco o consumo de álcool – a gente sabe que o consumo de média e alta intensidade está associado ao risco de câncer –, a obesidade também é um grande fator de risco  – principalmente nas mulheres após a menopausa. Além disso, o uso de reposição hormonal para aquelas mulheres que já estão na menopausa está associado a um aumento no risco. Embora esse aumento esteja associado ao tipo de hormônio, tempo de uso e dose. É essencial alinhar com seu médico tais detalhes na necessidade de reposição hormonal.

Temos alguns fatores que têm caráter protetor, ou seja, diminuem o risco de câncer de mama, como o aleitamento materno e a prática de atividade física. Este último, inclusive, trabalha não só na manutenção da obesidade, como nas questões inflamatórias. 

Com relação ao cigarro, temos algumas incidências que sugerem o aumento de risco, apesar dos dados não serem robustos. Mas há pelo menos um aumento modesto no câncer de mama e por isso é importante dizer que não há um nível seguro de uso em relação ao cigarro – seja na ligação com os mais variados tipos de tumores. Sempre recomendamos que as mulheres não fumem, pois aumenta os casos de doenças cardiovasculares e risco de câncer.

Muito se fala sobre um risco familiar e genético quando o assunto é câncer de mama. O senhor pode nos explicar um pouco brevemente?

De fato, muitas pessoas pensam “se eu tenho um familiar que já teve câncer de mama, será que o meu risco é aumentado?”. E a resposta é sim. Mas a gente sabe também que apenas 5% a 10% dos casos de câncer de mama, dependendo da população que você avalia, eles têm uma associação com uma alteração genética herdada, ou seja, um genes transmitido de pais para filhos. Então na maioria dos casos de câncer de mama a gente não tem esse fator genético hereditário, são os cânceres esporádicos.

Hoje, quais são as maiores barreiras femininas para combater o câncer de mama? E em sua opinião, o que pesa mais: desinformação/medo ou fatores socioeconômicos?

A gente sabe que diversos estudos mostram que o estigma com relação ao câncer e o medo ainda desempenham um papel muito determinante no cuidado do câncer de mama, desde o diagnóstico, rastreamento, até o tratamento da doença avançada. Tanto receber o diagnóstico da doença, como o tratamento em si do câncer de mama têm um efeito potencial negativo na qualidade de vida da paciente. Isso envolve não só uma questão física, de imagem corporal (em que as pacientes podem se sentir menos femininas, enfraquecidas, diminuídas), mas também os efeitos potenciais e colaterais na questão de queda de cabelo, por exemplo.

A questão emocional não só das mulheres acometidas pelo câncer de mama, mas também dos seus familiares. E todo esse medo e estigma influencia também as mulheres, de maneira geral, antes mesmo de um diagnóstico e na influência das suas atitudes em relação ao rastreamento do câncer de mama. 

Teve uma pesquisa feita em 2015 em que realizaram um inquérito com pacientes portadoras do câncer de mama em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Este estudo mostrou que 28% a 30% das mulheres com câncer de mama avançado (onde há metástase e já alcançou outros órgãos) não manifestavam desejo de conversar sobre a doença, sobre o tratamento, sobre os seu sintomas e o que sentiam com outra pessoa que não fosse o médico que cuidava dela. Isso é muito sério! Refletimos muito sobre o sentimento de culpa, mulheres com medo de buscar o tratamento, medo de abandono e não receber apoio familiar, medo quanto aos efeitos colaterais.

De acordo com o levantamento "Panorama do câncer de mama em mulheres no norte do Tocantins - Brasil" do ano passado, no estado do Tocantins (foco da nossa matéria), 51,1% dos casos de câncer mamário foram diagnosticados já em fase avançada. Quais as razões para que muitas mulheres não consigam ter um diagnóstico em estado inicial?

Contudo, é importante ressaltar que os fatores socioeconômicos também têm um papel importante nos acessos de diagnóstico precoce, como a mamografia e efetuação de biópsia, tanto também no atendimento de uma forma rápida. O Brasil é um país muito diverso, grande e os dados oficiais evidenciam uma diferença muito grande nestes quesitos.

Os últimos estudos mostram uma menor cobertura de exames nas regiões Norte, Centro-oeste, quando observamos o restante do país, como Sul e Sudeste. Temos também uma maior concentração de recursos e métodos nas capitais em relação ao interior dos estados. Então a Organização Mundial de Saúde recomenda, pelo menos, uma cobertura de 70% da população feminina na idade recomendada (50 - 69 anos) fazem o exame de mamografia a cada dois anos. Porém, no Brasil, esse número no dado do Observatório da Oncologia entre 2015 e 2019, a nossa média nacional ficou em 23%, ou seja, muito abaixo do recomendado. E de todos os estados, o único que se manteve acima do recomendado pela OMS foi São Paulo, com cerca de 73% de cobertura. Então vemos que temos muito caminho pela frente, seja o estado, seja os profissionais da saúde precisam trabalhar para que todas tenham acesso a uma saúde igualitária.

Dr. Leonardo Roberto da Silva

Mestre em Oncologia Mamária pela Unicamp e doutorando na área de Oncologia Mamária pela FCM-Unicamp, com extensão na Baylor College of Medicine – Houston/Texas – EUA.  É membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO). Leonardo ainda faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Instituto Radium de Campinas, no Hospital Santa Tereza e no Hospital Madre Theodora.


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